top of page

Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 33

33 | ACEITAÇÃO DA ORDEM DIVINA


Algo que faz um casamento dar certo é a aceitação de uma ordem divina. Ou há uma ordem ou não há e, se há uma ordem que é violada, o resultado é a desordem — desordem no nível mais profundo da personalidade. Creio que há uma ordem, estabelecida na criação do mundo, e creio que boa parte da confusão característica de nossa sociedade resulta da violação do desígnio de Deus. O projeto arquitetônico foi perdido. Todos estão tentando adivinhar como o edifício deve ser. Ontem foi concluída a missão Apollo-Soyuz, a reunião de americanos e russos no espaço. Quantos complexos e incríveis detalhes tiveram de ser postos em funcionamento, ajustando-se e cooperando perfeitamente durante dez dias, a fim de conectar as duas cápsulas espaciais e, em seguida, separá-las e direcioná-las aos seus destinos designados na Rússia e no intransitável Pacífico, tudo cronometrado. (Na cápsula americana, houve uma variação de tempo de vinte e quatro segundos em dez dias.) Mas havia um desígnio. Tudo fora ordenado e planejado. Tudo correu de acordo com o plano, e que alívio recompensador todos nós sentimos porque tal sucedeu! Que alívio é saber que existe um desígnio divino! Esse conhecimento é o segredo da serenidade. Jesus é o exemplo perfeito de um ser humano que viveu em serenidade e obediência à vontade do Pai. Ele se movia pelos eventos de sua vida sem confusão ou pressa, cheio de graça ao se encontrar com homens e mulheres. Ele era capaz de dizer: “Eu faço sempre o que lhe agrada [ao Pai]” (Jo 8.29) — e certamente ele agia assim sem os vinte e quatro segundos de variação. No final de seu tempo com os discípulos, ao se sentar com eles para a Ceia, sabendo o que estava prestes a acontecer, ele lhes demonstrou que o conhecimento de sua origem e destino o capacitava a fazer coisas que lhes teriam sido impensáveis. “[Sabendo Jesus] que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da Ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela” (Jo 13.3-4). Sabedor de sua iminente traição e em face de sua própria morte, ele assumiu o lugar de um escravo e lavou os pés dos discípulos. Ele pôde agir assim porque sabia quem era e de quem era. Ele também seria capaz de enfrentar os eventos da noite e do dia que se seguiriam. Não foi a fraqueza que o capacitou a se tornar um escravo. Não foi a resignação que o conduziu ao Calvário. Ele havia aceitado e desejado a vontade do Pai. Você e eu podemos ser firmadas, guiadas e sustentadas por conhecermos de onde viemos e para onde vamos. Saber que o mundo inteiro se move em harmonia segundo a ordem de Deus traz uma estabilidade maravilhosa. A noção de hierarquia vem da Bíblia. Originalmente, as palavras superior e referem-se a uma posição, e não a um valor intrínseco. Uma pessoa sentada no topo de um estádio seria superior a — estando acima de — uma pessoa na primeira fila. Querubins e serafins eram superiores aos arcanjos; arcanjos, aos anjos; e o homem foi criado “por um pouco, menor que os anjos” (Hb 2.7). A terra e suas criaturas foram formadas antes do homem, então a posição do homem na escala divina não é necessariamente determinada pela cronologia da criação, pois isso daria aos animais um lugar superior. Sua posição lhe foi atribuída ao receber a ordem de subjugar a terra e ter domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os seres viventes que se movem sobre a terra. “Sob seus pés tudo lhe puseste”, escreveu o salmista (Sl 8.6). Os salmos estão cheios de expressões da autoridade e do controle de Deus — expressões de medição, limitação e direção. O Salmo 104, por exemplo, fala disso: “Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não vacile em tempo nenhum. [...] Elevaram-se os montes, desceram os vales, até ao lugar que lhes havias preparado. Puseste às águas divisa que não ultrapassarão, para que não tornem a cobrir a terra. [...] [O Senhor] fez a lua para marcar o tempo; o sol conhece a hora do seu ocaso. [...] Envias o teu Espírito, eles são criados” (vv. 5- 30). O livro de Jó descreve o planejamento perfeito, a medida, os limites e a harmonia: “Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra? Dizemo, se tens entendimento. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel? Sobre o que estão fundadas as suas bases ou quem lhe assentou a pedra angular, quando as estrelas da alva, juntas, alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus?” (Jó 38). O mesmo capítulo usa expressões como “encerrou o mar com portas”, “quando eu lhe tracei limites”, “deste ordem à madrugada”, “fizeste a alva saber o seu lugar”, “portas da morte”, “portas da região tenebrosa”, “depósitos da neve”, “o caminho para onde se difunde a luz”, “caminho para os relâmpagos dos trovões”. Um lugar para tudo e tudo em seu devido lugar. Jó, um homem esmagado por seus próprios sofrimentos físicos e perdas materiais, é levado a um novo e profundo conhecimento de quem Deus é, bem como a um reconhecimento de que tudo está inteiramente sob o comando divino. As estrelas mantêm seu curso, e os mares, seu limite. A lua se põe, o sol nasce, as marés vão e vêm. Os animais respondem à sua própria natureza e a vegetação cresce e produz flores e frutos nas estações designadas. Em um surpreendente contraste, a carta de Judas refere-se a anjos “que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio”, ou, em outra tradução, “não conservaram suas posições” e, como resultado, Deus os “tem guardado sob trevas, em algemas eternas” (Jd 6, ARA e NVI). Anjos e homens, até onde sabemos, são as únicas criaturas culpadas dessa recusa em manter seus lugares designados. “Até a cegonha no céu conhece as suas estações”, escreveu Jeremias; “a rola, a andorinha e o grou observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece o juízo do Senhor” (Jr 8.7).

Comentários


bottom of page