Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 3
- Emperolar

- 20 de set. de 2022
- 2 min de leitura
3 | ONDE ATRELAR SUA ALMA
Todo domingo de manhã, em nossa igreja, costumamos repetir um credo. Você sabe o que ele diz: “Creio em um Deus, o Pai Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Aí está uma declaração que nada tem a ver com minhas opiniões ou emoções pessoais. É a declaração de um fato objetivo, aceito pela fé, e, quando me levanto na companhia de outros cristãos e repito essa declaração, não estou absolutamente falando de mim mesma. A única coisa que estou dizendo sobre mim mesma é que me submeto a essas verdades. É nisso que me sustento; essa é a Realidade. Muitas vezes (quase sempre, receio), quando vou à igreja, meus sentimentos estão em primeiro lugar em minha mente. Isso é natural. Somos humanos, somos “egos”, e não é preciso fazer esforço algum para sentir. Mas adoração não é sentimento. Adoração não é uma experiência. Adoração é um ato e, portanto, requer disciplina. Devemos adorar “em espírito e em verdade”. Não importam os sentimentos. Devemos adorar a despeito deles. Ao perceber que meus pensamentos estão dispersos em todas as direções e que precisam ser encurralados como um monte de bezerros ariscos, eu me ajoelho antes de o culto começar. Peço para ser liberta de uma vaga preocupação comigo mesma e com minhas próprias apreensões, e para me voltar, durante aquela breve hora, para Deus. Muitas vezes, as palavras da Oração de Jesus, que aprendi em um livro sobre um peregrino russo que passou toda a vida buscando descobrir seu significado pleno, ajudam nesse “encurralamento”: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem misericórdia de mim.” Os cristãos ortodoxos oram isso repetidamente, no ritmo da respiração. Essa oração já me resgatou da falta de palavras em muitos lugares bem diferentes do culto na igreja. Quando me levanto para recitar o credo, sou elevada às verdades eternas, muito além das trivialidades de como me sinto, o que devo fazer depois da igreja, o que fulano disse ou fez comigo. Eu atrelo a minha alma naquelas estacas fortes, naqueles “creios”. E sou fortalecida. Às vezes, cantamos o grande hino de São Patrício: Hoje, sobre mim mesmo coloco o forte nome do Trino Deus. É ele mesmo a quem invoco: o Três em Um, o Um em Três. Ainda hoje, clamo sobre mim seu poder para me sustentar e guiar, sua força para me cingir, seu olhar a me assistir, seus ouvidos atentos àquilo de que eu necessitar. 3 Se, de fato, eu creio nessas grandes verdades que recitamos e cantamos juntos, então ele cuidará daquelas pequenas coisas (e, comparativamente, o que não é pequeno?). Assumo minha posição e tomo meu rumo. Tenho de fazer isso com frequência — com mais frequência, ao que parece, nestes dias em que tantos perderam completamente o rumo.





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