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Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 23

23 | VOCÊ SE CASA COM UM PECADOR


Nos últimos anos, tenho conversado sobre casamento com mulheres da faculdade e do seminário. O mesmo que tenho dito a elas digo agora a você. Em síntese, são três pontos em forma de três perguntas:

1. Com quem você casa?

2. O que é o casamento?

3. O que faz o casamento dar certo?

Em primeiro lugar, com quem você se casa? Você se casa com um pecador. Não há mais ninguém com quem se casar. Isso deveria ser algo bastante óbvio, mas, quando se ama um homem como você ama o seu, é fácil esquecer. Você esquece por algum tempo e então, quando algo acontece que a faz lembrar, você fica se perguntando qual é o problema, como isso pode ter acontecido, onde foi que tudo deu errado. Deu errado no Jardim do Éden. Entenda isto de uma vez por todas: seu marido é filho de Adão. Aceitá-lo — aceitá-lo por inteiro — inclui aceitar o fato de que ele é um pecador. Ele é uma criatura caída e, como tal, necessita do mesmo tipo de redenção que todos nós precisamos e está sujeito a todas as tentações “comuns aos homens”. Nossa velha amiga Dorothy me ensinou muitas coisas em sua longa vida de confiança em Deus e aguçada percepção da humanidade. Certo dia, enquanto conversávamos sobre amizade e casamento, ela disse: “Bem, querida, nenhuma de nós é um pacote premiado. Limite-se a procurar o essencial e esqueça o resto!”. Quando achamos que encontramos o pacote premiado, ele provavelmente conterá algumas surpresas, e nem todas são bem-vindas. Quanto desgosto seria evitado se nos concentrássemos no essencial e esquecêssemos o resto! Quão melhor poderíamos relaxar um com o outro e desfrutar tudo que há para desfrutar! Na liturgia da oração matutina, repetimos de joelhos a seguinte confissão: “Nós erramos e nos desviamos como ovelhas perdidas. Seguimos excessivamente os desejos e as inclinações de nosso coração. Transgredimos tuas leis santas. Fizemos coisas que não devíamos ter feito e não fizemos o que devíamos ter feito. Não há nenhum bem em nós”. Enquanto digo essas palavras, às vezes penso nas pessoas que as estão recitando comigo e penso: “Eu pertenço a este grupo. Ovelhas perdidas. Nenhum bem em nenhum de nós”. Talvez não seja ruim, mesmo você e Walt sendo presbiterianos, fazerem essa oração juntos de vez em quando, lembrando-se de que a palavra “nós” significa vocês dois. Você terá menos probabilidade de se tornar uma esposa irritante caso continuamente se lembre de que não é apenas seu marido que deixa de fazer aquilo que (você acha que) ele deve fazer, ou que faz aquilo que (você acha que) ele não deve fazer; ao contrário, você também tem errado e se desviado como ovelha perdida, pecando diariamente por omissão e comissão. É libertador ter a consciência de que somos semelhantes em nossa necessidade de redenção. Afinal, haverá ocasiões em que você se verá acusando, criticando, ressentindo-se. Você começará, quase sem perceber, a fazer uma lista mental de ofensas, aguardando o dia em que haverá a gota d’água e você poderá recitar a lista inteira, certificando-se de acrescentar ao final: “E só mais uma coisa...!”. Mas você se verá totalmente desarmada, e seu espírito acusador se transformará em perdão amoroso, quando se lembrar de que, na verdade, se casou apenas com um pecador — e ele também. É da graça que vocês dois precisam. Perigos mil atravessei e a graça me valeu. Eu são e salvo agora irei ao santo lar no céu. Uma das declarações mais tolas que já captaram a imaginação popular veio daquele filme tolo Love Story: “Amor é nunca ter que se arrepender”. Se machucar alguém que você ama não a faz se arrepender, o que no mundo faria isso? Você precisa, sim, de perdão. Você precisa, sim, perdoar. E é algo maravilhosamente abençoador confessar seu pecado àquele contra quem você pecou e pedir seu perdão. Às vezes, quando você estiver pensando que já passou da hora de ele pedir perdão a você, lembre-se de que vocês são iguais em sua necessidade de redenção. Não há disputa por pontos no amor. O amor também não é cego. Ao contrário, quem ama de verdade vê com clareza na pessoa amada a verdade que está oculta aos olhos dos outros. O homem amado torna a própria luz do sol mais brilhante e faz o mundo inteiro cantar; e talvez por isso nem sempre seja fácil lembrar que ele é um pecador. Porém, quando o amor se torna um fato cotidiano com o qual vivemos, começamos a descobrir imperfeições diante das quais reagimos com ou sem amor. Sara Teasdale expressou a resposta amorosa em “Appraisal” [“Apreciação”]: Jamais pense que ela o ama cegamente, jamais creia que o amor dela nada vê, ela guarda a sete chaves, em sua mente, todos os erros cometidos por você; suas indecisões estão lá, arquivadas como bandeiras velhas e desbotadas, enodoadas pelo tempo e as torrentes; seus medos, entulhados como vestes puídas, manchadas completamente — deixe-os em paz! Ah, deixe-os em paz. Há um tesouro nele capaz de superá-los: sua vontade resoluta, que feroz se incita e se eleva tão certamente quanto a maré; gentileza com os bichos da terra e do céu; percepção aguçada, a qual jamais dormita; humor discreto, mas capaz de mover como a lua sobre as águas do mar; e tão profunda é sua ternura que palavras não podem expressar. 12 Portanto, você se casa com um pecador. E você ama, aceita e perdoa esse pecador, assim como você mesma espera ser amada, aceita e perdoada. Você sabe que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” e que isso inclui seu marido, o qual ainda carece de algumas das glórias que você esperava encontrar nele. Aceite isso de uma vez por todas e, então, caminhe ao lado dele como “herdeiros da mesma graça de vida”.

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