Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 2
- Emperolar

- 20 de set. de 2022
- 2 min de leitura
2 | NÃO “QUEM SOU EU?” , MAS “DE QUEM EU SOU?”
Estes escritos, de uma forma ou de outra, dizem respeito ao significado da feminilidade. Na última década, as mulheres conseguiram estar no centro das atenções. Falamos delas, ficamos todos perplexos diante delas, discutimos e legislamos sobre elas; e foram as mulheres que mais falaram, discutiram e talvez legislaram, ao passo que foram os homens, suponho, que mais ficaram intrigados. Uma torrente de livros sobre mulheres tem sido publicada, instando as mulheres a abandonar seus papéis tradicionais, a recusar a socialização que as tem controlado e confinado por séculos a fio, dizem, e a avançar para o que alguns chamam de atividades “humanas” (em oposição às atividades biológicas ou reprodutivas), as quais, sejam elas interessantes ou não, são consideradas território masculino. Será que ser mulher é algo fundamentalmente diferente de ser homem? Será que existe algo inerente à natureza dos seres humanos, ou da sociedade humana, que requer que certos papéis ou tarefas estejam associados a um sexo ou ao outro? Deve-se associar a autoridade apenas (ou principalmente) aos homens, e não às mulheres? Faz alguma diferença quem está na liderança? Ter um filho significa, necessariamente, que a portadora deve cuidar dele? O que é casamento? Como funciona? O destino de uma mulher é realmente tão ruim quanto afirma Germaine Greer 1 , “uma vida inteira de camuflagem e rituais estúpidos, cheia de presságios e fracasso”? A maioria dos que tentam encontrar respostas a essas perguntas começa no lugar errado. Eles começam por si mesmos. Perguntam: “Quem sou eu?”, “Como realmente me sinto?”, e presumem que, se um número suficiente de pessoas expressar suas opiniões particulares sobre esse assunto, de algum modo todos chegaremos à verdade da questão. Carlyle 2 observou essa tendência e assinalou com ironia: “A sabedoria ardilosa se assenta continuamente diante de sua desesperadora tarefa — a de encontrar alguma honestidade no somatório das ações de um mundo de patifes”. Há, sem dúvida, um tipo superficial de consolo e segurança que se pode obter ao ficar sentado e dizer como você se sente a respeito das coisas. Em geral, você encontra várias outras pessoas que se sentem da mesma forma ou (o que é ainda mais reconfortante e consolador) que se sentem pior do que você. Mas esse não é o caminho para se chegar à verdade. Para aprendermos o significado de ser mulher, devemos começar por aquele que a criou.





Comentários