Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 17
- Emperolar

- 22 de set. de 2022
- 4 min de leitura
17 | MASCULINO E FEMININO
Será que as mulheres liberacionistas querem a liberação de ser mulheres? Não, responderiam; elas querem liberação dos estereótipos da sociedade sobre o que as mulheres deveriam ser. De acordo com seus teóricos, não existem diferenças fundamentais entre homens e mulheres. É tudo uma questão de condicionamento. Mas alguns cientistas descobriram fatos muito interessantes que as feministas terão de encarar com bastante cuidado, pois mostram que não é apenas a sociedade que determina como os sexos hão de se comportar. Existem fortes razões biológicas (uma questão de hormônios) para o homem sempre haver dominado e continuar a dominar todas as sociedades. Descobri que a ideia de matriarcado é mítica, pois não se pode documentar sua existência em lugar algum. Se a dominação masculina é puro condicionamento social, não parece estranho que seja universal? O esperado seria encontrar ao menos alguns exemplos de sociedades em que as mulheres, em vez dos homens, ocupassem as posições de status mais elevado. (A existência de rainhas nada prova, uma vez que elas adquirem essa posição por herança, e não por conquista, escolha ou eleição.) Não é muito mais fácil crer que os sentimentos de homens e mulheres ao longo da história têm relação direta com alguma precondição inata? Para um cientista, essa precondição pode ser biológica e/ou emocional (para algumas mulheres, a mínima sugestão de que possa haver uma diferença emocional e física entre homens e mulheres é horripilante). Para mim e para você, porém, a precondição se encontra mais atrás. Foi Deus quem nos criou diferentes, e ele fez isso intencionalmente. As recentes descobertas científicas são esclarecedoras e, como já aconteceu antes, corroboram verdades antigas que a humanidade sempre reconheceu. Deus criou o homem e a mulher; o homem, para convocar, liderar, ter iniciativa e governar; e a mulher, para responder, seguir, ajustar-se e submeter-se. Ainda que defendêssemos outra teoria sobre as origens, a estrutura física da fêmea nos diria que a mulher foi feita para receber, carregar, ser guiada, complementar, nutrir. Há, na maioria das discussões “feministas”, uma omissão fundamental e, para mim, bastante intrigante — a omissão de falar sobre feminilidade. Talvez seja porque os elementos de governo, submissão e união sejam parte integrante da própria feminilidade, de importância muito mais duradoura e universal do que qualquer noção culturalmente definida. O ponto de partida para se chegar a isso é, obviamente, o próprio corpo. Um ser humano compõe-se de corpo, mente e espírito. Qualquer médico atestará o efeito que a mente pode ter sobre o corpo. Qualquer psiquiatra sabe que os problemas psicológicos de seu paciente podem ter efeitos físicos. Qualquer pastor admite que o que parece ser uma questão espiritual pode acabar apresentando dimensões físicas e mentais também. Ninguém consegue definir os limites entre mente, corpo e espírito. No entanto, hoje em dia, somos instados a presumir que a sexualidade, a mais potente e inegável de todas as características humanas, é uma questão puramente física, sem nenhuma implicação metafísica. Algumas das primeiras heresias que atormentaram a igreja exortavam os cristãos a desprezar a matéria. Alguns diziam que ela era maligna em si mesma. Alguns negavam até mesmo sua existência. Alguns reputavam que apenas a natureza espiritual do homem era digna de atenção — o corpo deveria ser totalmente ignorado. Mas isso é algo perigoso, essa departamentalização. A Bíblia nos manda trazer tudo — corpo, mente, espírito — cativo à obediência. Seu corpo é de mulher. O que isso significa? Haverá um significado invisível em seus sinais visíveis — a maciez, a suavidade, a estrutura óssea e muscular mais leve, os seios, o útero? Será que isso, como um todo, não tem relação com o que você mesma é? Será que sua identidade não está intimamente ligada a essas formas materiais? Será que sua ideia de si — Valerie — contém a ideia de, digamos, “robustez” ou “aspereza”? Como podemos desprezar a matéria em nossa busca por compreender a personalidade? Naqueles que fazem isso, há uma estranha irrealidade, uma indisposição para lidar com os fatos mais óbvios de todos. Toda mulher saudável está equipada para ser mãe. Certamente, nem todas as mulheres no mundo estão destinadas a fazer uso do equipamento físico, mas, sem dúvida, a maternidade, em um sentido mais profundo, é a essência da feminilidade. O corpo de toda mulher saudável se prepara, repetidas vezes, para receber e carregar. A maternidade requer entrega, sacrifício, sofrimento. É descer à morte para dar vida, uma bela analogia humana de um grande princípio espiritual (Paulo escreveu: “Em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida”). A feminilidade é um chamado. É uma vocação à qual atendemos em Deus, com alegria, se significar a geração literal de filhos, mas também somos gratas por tudo que ela significa em um sentido muito mais amplo, o sentido de que toda mulher pode participar, seja casada ou solteira, fecunda ou estéril — a resposta incondicional exemplificada de uma vez por todas em Maria, a virgem, e a vontade de entrar no sofrimento, de receber, de carregar, de dar vida, de nutrir e de cuidar dos outros. A força para responder a esse chamado nos é dada quando olhamos para o alto, para o Amor que nos criou, lembrando que foi esse Amor — o qual em primeiro lugar e mais literalmente imaginou a sexualidade — quem nos fez, desde o início, verdadeiros homens e verdadeiras mulheres. E, à medida que vamos nos conformando às exigências desse Amor, tornamo-nos cada vez mais humildes, mais dependentes — dele e uns dos outros — e até mesmo (ousarei dizer isso?) mais esplêndidas.





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