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Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 16

16 | UM PRINCÍPIO PARADOXAL


Você e eu conhecemos, pessoalmente ou por meio de seus escritos, algumas grandes mulheres solteiras cujas vidas foram ricas e frutíferas porque elas entenderam um princípio espiritual paradoxal: “Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma de coisas boas e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam. Tuas antigas ruínas serão reedificadas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para morar” (Is 58.10-12, tradução livre; em vez de “veredas para morar”, uma versão em língua inglesa diz “caminhos que conduzem ao lar”). Creio que aqui está a resposta à esterilidade de uma vida como mulher solteira, ou de uma vida que, de alguma outra maneira, pudesse ser egoísta ou solitária. Descobri que é também a resposta para a depressão. Você receberá luz em troca de abrir sua alma aos famintos; receberá direção, a satisfação de seus anseios e a força quando “abrir sua alma”, quando sua própria preocupação consistir em satisfazer o desejo de outrem; você mesma será uma fonte de refrigério, uma edificadora, alguém que conduz outras pessoas à cura e ao descanso numa época em que tudo ao seu redor parece haver desmoronado. Missionária na Índia, Amy Carmichael nunca se casou, embora, em sua biografia, existam pistas discretas de que ela teve de fazer uma escolha e que lhe foi extremamente doloroso tomar uma cruz que significava deixar um homem para sempre. A vida dela, porém, foi um jardim regado para as centenas de crianças indianas que estiveram sob seus cuidados e para os milhares de leitores de seus livros. Missionária na Colômbia e viúva desde quando suas quatro filhas eram bem pequenas, Katherine Morgan nos mostrou — por sua exuberância e humor, por seu coração generoso e caloroso, e por sua energia impressionante — a força que vem de se dedicar uma vida inteira ao bem de outrem. Sua casa está cheia de pessoas que precisam dela. Ela dirige uma caminhonete por toda a cidade de Pasto, fazendo pelos outros o que não podem fazer por si mesmos. Ela vai à selva — de mula, de canoa ou a pé — para ministrar a pessoas que se encontram distantes de outras fontes de ajuda. Quando está nos Estados Unidos, ela nos visita e ministra para nós, embora não esteja consciente de estar ministrando. Nossa casa é abençoada e nós mesmas somos animadas e fortalecidas pelo fato de ela ter estado aqui. Ela está sempre sem fôlego — fala tão rápido que mal tem tempo de respirar. Ela é sempre engraçada e nos faz chorar de tanto rir ao imitar uma personagem em uma história. Com frequência, eu a importunava por ela dizer: “A vida é curta demais”, quando queria convencê-la a fazer algo que eu achava que ela deveria fazer. O fato, porém, é que, para Katherine, a vida é curta demais para ela se preocupar consigo. Ela nunca está ocupada demais para se preocupar com o restante de nós. Você não viverá na solteirice, mas sua vida como esposa de pastor lhe dará amplas oportunidades para provar o princípio estabelecido nas palavras de Isaías. Você derramará sua alma aos famintos, e as pessoas presumirão que você é um manancial cujas águas jamais faltam, mas haverá momentos em que você se sentirá cansada de se derramar. Seu padrasto me contou que foi procurado por uma senhora, consternada com tudo o que se esperava dela. “Eu trabalho até os ossos por essa igreja, e que tipo de agradecimento recebo?”, lamentou. “Bem”, retrucou ele, “que tipo de agradecimento você esperava receber?”. Santo Inácio de Loyola orou: “Ensina-nos, bom Senhor, a te servir como mereces; a dar sem calcular o custo; a lutar sem considerar as feridas; a labutar sem procurar descanso; a trabalhar sem pedir recompensa alguma, exceto a de saber que fazemos a tua vontade. Por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor”

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