Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 15
- Emperolar

- 22 de set. de 2022
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15 | DEUS NÃO PÕE ARMADILHAS
Somos chamadas a ser mulheres. O fato de eu ser mulher não me torna um tipo diferente de cristão, mas o fato de eu ser cristã me torna um tipo diferente de mulher. Afinal, aceitei a ideia que Deus tem a meu respeito, e toda a minha vida consiste em lhe oferecer de volta tudo o que sou e tudo o que ele quer que eu seja. Ruth Benedict, uma das primeiras mulheres reconhecidas como uma importante cientista social, escreveu em seu diário, em 1912: Parece-me uma coisa terrível ser mulher. Há uma única coroa que talvez faça valer a pena — um grande amor, um lar tranquilo e filhos. [Seu casamento com Stanley Benedict, sem filhos, terminou em divórcio.] Todas nós sabemos que isso é tudo que vale a pena e que, para isso, devemos nos esforçar, anunciando nossos artigos no mercado, se tivermos dinheiro, ou fabricando carreiras para nós mesmas, se não tivermos. Não temos motivo para nos preparar para uma vida inteira de trabalho no ensino ou em obras sociais — sabemos que, mesmo no auge de nosso sucesso, desistiríamos daquilo com brados de aleluia, em troca de construir um lar com o homem certo. E, durante todo o tempo, no fundo de nossa consciência, ressoa o aviso de que talvez o homem certo nunca chegue. Um grande amor é dado a pouquíssimas mulheres. Afinal, talvez esse emprego temporário e improvisado seja o trabalho de nossa vida. A Sra. Benedict expressou com franqueza o que milhares de mulheres com carreiras profissionais certamente devem sentir; hoje, porém, poucas teriam a coragem de admitir tais sentimentos, uma vez que muitos consideram, de alguma forma, a mulher que tem uma carreira superior àquela cuja ocupação é descrita meramente como “dona de casa”. Qualquer emprego de tempo integral — não importa quão rotineiro, monótono ou enfadonho — é elevado pelas feministas a um status superior ao de ser esposa e mãe, como se o trabalho de esposa e mãe fosse mais degradante, mais enfadonho, menos criativo e emocionante, ou como se desse menos lugar à imaginação do que ser uma advogada ou aparafusar peças numa linha de montagem. (Sem dúvida, as feministas quase sempre contrapõem o trabalho doméstico a empregos de prestígio, em vez de empregos na linha de montagem, ignorando o fato de que poucas mulheres entre aquelas a quem elas gostariam de “liberar” acabariam em empregos de prestígio.) Recentemente, encontrei uma notícia de jornal sobre novas expectativas de emprego para mulheres que ingressam no exército. Elas já não se limitam mais a ser secretárias, enfermeiras ou assistentes de homens. Em pelo menos um centro de treinamento militar, elas têm sido promovidas a dobradoras de paraquedas. Dobradoras de paraquedas! Receio que esse seja um exemplo no qual a grama do vizinho sempre parece mais verde. Quantas delas tiveram a chance de fazer uma comparação justa? Contudo, para a mulher cristã, seja ela casada ou solteira, há o chamado para servir. Recentemente, uma revista noticiou um curso oferecido para mulheres adultas sobre “comportamento assertivo” — o que, de acordo com os exemplos descritos, equivalia a um curso de grosserias. Uma aula, por exemplo, encorajava as mulheres a se libertar da “armadilha da compaixão”. Em resposta a esse artigo, um leitor escreveu: “Não consigo entender por que uma mulher se oporia a fazer parte da ‘armadilha da compaixão’ — a necessidade de servir a outrem e prover ternura e compaixão em todos os momentos. O que nossa sociedade precisa é de mais ênfase na necessidade de servir aos outros e prover ternura, compaixão, cooperação e amor”. Porém, Deus não prepara armadilhas para nós. Pelo contrário, ele nos convoca à única liberdade verdadeira e plena. A mulher que define sua liberação como “fazer o que quer” ou “não fazer o que não quer” está, antes de tudo, fugindo da responsabilidade. Fugir da responsabilidade é a marca da imaturidade. E parece que o Movimento de Liberação Feminina se caracteriza justamente por essa imaturidade. Embora digam a si mesmas que fizeram muito progresso e que estão chegando à maioridade, elas, na verdade, retrocederam a uma humanidade parcial que se recusa a reconhecer as vastas implicações da diferenciação sexual. (Não digo que elas sempre tenham ignorado a diferenciação sexual em si, mas que as implicações dessa diferenciação lhes escapam inteiramente.) E, de modo irônico, a mulher que ignora essa verdade fundamental perde exatamente aquilo que se propôs a encontrar. Ao se recusar a cumprir por completo a vocação feminina, ela se contenta com uma caricatura, uma falsa personalidade.





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