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Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 12

12 | AUTODISCIPLINA E ORDEM


Há um hino de John Greenleaf Whittier que diz: Derrama a tua calmaria, descanso da angústia pertinaz. Ordena-nos a alma e livra-nos da agonia, a fim de declararmos, noite e dia, a sublime beleza de tua paz.

Nós somos as criaturas de um grande mestre projetista e, embora ele ordene nossa vida de modo seguro e certo, muitas pessoas, aparentemente, vivem sem qualquer ordem, paz ou serenidade. O modo como vivemos deve manifestar a veracidade daquilo em que cremos. Uma vida confusa fala de uma fé confusa e incoerente. Essa questão da ordem é algo em que temos trabalhado por muito tempo, não é, Val? Significa autodisciplina. “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.31-32). A liberdade começa lá atrás. Não começa por fazer o que você quer, mas por fazer o que deve ser feito — ou seja, com disciplina. Começa por “permanecer na palavra”. Ser discípulo significa ser disciplinado. E nós temos trabalhado nisso, não é? Praticamente desde o dia em que você nasceu, tentei ensiná-la que minhas palavras tinham significado. Elas deveriam ser levadas a sério; você deveria viver por elas em sua vida de criança. Como aprenderemos a crer em Deus e a obedecer a ele se não formos ensinados desde a mais tenra infância a acreditar naqueles que ele colocou sobre nós e a obedecer a essas pessoas? Uma criança deve saber, acima de tudo e sem sombra de dúvida, que a palavra falada será a palavra cumprida. Tanto ameaças (“Se você não fizer isso, vai apanhar”) como promessas (“Se você guardar todos os seus brinquedos, vai ganhar um picolé”), se não forem cumpridas, arruínam a moralidade de uma criança. O fracasso em cumprir ameaças e promessas habitua a criança a desconsiderar o que é dito. Isso a habitua a mentir. Se os pais não são confiáveis, não é preciso obedecer a eles e, portanto, nenhuma autoridade é confiável nem se deve obedecer a ela. A obediência é opcional, dependendo da conveniência, da disposição ou de uma recompensa imediata. Deus não nos ensinou assim. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama.” “Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” E “os seus mandamentos não são penosos”. Quando você era pequena, sempre havia indígenas ao nosso redor, e eu tinha muitas coisas em mente ao administrar uma base missionária na selva. Às vezes, eu me sentia tentada a prestar pouca atenção às suas pequenas necessidades. Você percebia imediatamente. Você sabia se era um momento oportuno para se safar de alguma coisa. Você tentava, ignorando meu alerta preocupado: “Val, não mexa nisso”. Você sabia que podia ignorar com segurança porque minha atenção já se havia voltado para meus próprios afazeres. Logo aprendi que precisava lhe dispensar toda a minha atenção ao falar com você. Não quero dizer que lhe dava toda a minha atenção, vinte e quatro horas por dia. Vejo mães que quase chegam a esse ponto, mas que fazem isso em prejuízo de seus pobres, sufocados e atormentados filhos. Quero dizer que, quando um assunto demanda a atenção da mãe, ela deve dispensar-lhe total atenção naquele momento. Eu tinha de deixar meu trabalho de lado e me voltar para você. Seus olhos se arregalavam quando eu parava o que estava fazendo e olhava para você. Lentamente, muito lentamente, sua mão largava o que quer que estivesse segurando quando eu chamava seu nome. Num momento de pausa e silêncio, você examinava minha seriedade. Ou eu estava falando sério ou não, e não havia como enganá-la. Você sabia do que se tratava e agia de acordo. Agora, meu trabalho está encerrado. Você é uma mulher, uma mulher de Deus, autônoma diante dele. Mas Deus está longe de terminar seu trabalho disciplinador. Se você o ama, fará o que ele diz. E não haverá dúvida sobre a sinceridade dele se você tão somente olhar para seu rosto e se calar o suficiente para ouvir o que ele diz. “Ele chama pelo nome suas próprias ovelhas.” Foi ao ouvir o nome dela que Maria reconheceu seu mestre no jardim, após a ressurreição. “Mestre!”, gritou, confessando seu senhorio sobre ela. O modo como você mantém sua casa e como organiza seu tempo, o cuidado que você dispensa à sua aparência pessoal, aquilo com que você gasta seu dinheiro, tudo isso fala claramente acerca daquilo em que crê. "A sublime beleza de tua paz" brilha em uma vida ordenada. Uma vida desordenada fala claramente acerca de uma desordem na alma.

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