Deixe-me ser mulher: Lições à minha filha sobre o significado de feminilidade 10
- Emperolar

- 20 de set. de 2022
- 3 min de leitura
10 | UM DIA DE CADA VEZ
Há alguns anos, eu estava conversando com um grupo de estudantes sobre a solteirice e comentei que eu me considerava, na condição de viúva, numa situação mil vezes melhor do que uma mulher que nunca fora casada. Uma garota do grupo contestou essa afirmação. Afinal, por que eu acreditava estar em melhor situação? Bem, é bastante simples, respondi, porque eu considerava melhor ter amado e perdido do que nunca ter amado. “Por quê?”, insistiu em saber. Admiti que era puramente uma questão de opinião e, se ela achava estar em melhor situação do que eu, longe de mim tentar dissuadi-la. Recentemente, pela primeira vez, conheci uma mulher que me disse que era solteira por opção. Conheci outras mulheres que tiveram a chance de se casar com homens com quem não queriam casar-se, mas que, ainda assim, gostariam de se casar com o homem “certo”. A senhora que eu conheci recentemente foi a primeira a me dizer que havia escolhido a solteirice. Às perguntas rudes frequentemente feitas a mulheres solteiras, uma de minhas conhecidas responde que ela é “solteira por uma excelente razão que não pertence ao interesse público”. Uma senhora na casa dos sessenta ainda declara não ter o que Paulo chama de o dom da solteirice. Ela tem vivido esses sessenta anos sem esse dom, pois Deus lhe assegurou, garantiu-me ela, que há um marido preparado para ela em algum lugar. Ela só tem de esperar que esse homem apareça. Talvez ela esteja certa de que Deus tem um marido preparado para ela. Mas eu acho que está errada ao dizer que não tem o dom da solteirice. Ela tem tido esse dom por toda a sua vida. Deus ainda pode lhe dar o dom do casamento, pois muitos de seus dons podem ser dados por apenas uma parte da vida. Conheço três cristãos que, por um curto período, tiveram o dom de curar outras pessoas — dom que, depois, lhes foi tirado. Por que Deus não poderia dar a alguém a solteirice pela maior parte da vida e, depois, dar-lhe um casamento? Ou acaso ele não pode dar o casamento e, em seguida, às vezes muito cedo, a viuvez? A verdade é que nenhum de nós conhece a vontade de Deus para sua vida. Eu digo para sua vida porque a promessa é a seguinte: “À medida que andares passo a passo, eu abrirei o caminho diante de ti”. Ele nos dá luz suficiente para o dia de hoje, força suficiente para um dia de cada vez, maná suficiente, o pão nosso de “cada dia”. E a vida de fé é uma jornada do ponto A ao ponto B, do ponto B ao ponto C, assim como os filhos de Israel, que “partiram [...] e acamparam em Obote. Depois, partiram de Obote e acamparam em Ijé-Abarim, no deserto [...] E, dali, partiram e acamparam na outra margem do Arnom [...] Dali partiram para Beer [...]. Do deserto, partiram para Matana. E, de Matana, para Naaliel e, de Naaliel, para Bamote. De Bamote, ao vale que está no campo de Moabe” (Nm 21.10-20). Pelo que sabemos, nada aconteceu nesses lugares. Obote, Ijé-Abarim, Arnom, Beer, Matana, Naaliel e Bamote não significam nada para nós. Aquela multidão imensa simplesmente seguia adiante. Eles viajavam, paravam e montavam acampamento, então faziam as malas de novo e viajavam mais um pouco e montavam outro acampamento. Eles reclamavam. Era tanta reclamação que até mesmo Moisés, um homem bastante manso, mal suportava olhar para aqueles a quem Deus o chamara a conduzir. Mas, durante todo o tempo, Deus estava com eles, conduzindo-os, protegendo-os, ouvindo seus clamores, instigando-os e guiando-os, sabendo para onde estavam indo e quais eram seus propósitos para eles. Ele nunca os deixou. Não é difícil, ao ler toda a história de como Deus libertou Israel, enxergar como cada incidente individual se encaixa em um padrão para o bem. Nós temos uma perspectiva que aqueles pobres andarilhos não tinham. Mas isso deve ajudar-nos a confiar no Deus deles. Cada uma das etapas de sua jornada, a maioria enfadonha e monótona, era uma parte necessária do movimento em direção ao cumprimento da promessa. A solteirice pode ser apenas uma etapa na jornada da vida, porém até mesmo uma etapa é uma dádiva. Deus pode substituí-la por outra dádiva, mas o destinatário aceita essas dádivas com ações de graças. Esta dádiva para este dia. A vida de fé é vivida um dia de cada vez; e tem de ser vivida — não se pode ficar sempre esperando, como se a vida “verdadeira” estivesse prestes a chegar. Nós somos responsáveis pelo hoje. Deus continua a ser o dono do amanhã.





Comentários